O clima pesado nas redes sociais mudou o comportamento do brasileiro no WhatsApp. Segundo o estudo “Os Vetores da Comunicação Política em Aplicativos de Mensagens”, divulgado nesta segunda-feira (15), o compartilhamento de notícias políticas está cada vez menos frequente em grupos de família, amigos e trabalho.
O levantamento, realizado pelo InternetLab e pela Rede Conhecimento Social, revela que 56% dos entrevistados sentem medo de emitir opiniões porque consideram o ambiente digital “muito agressivo”.
A pesquisa identificou que o desejo de evitar conflitos superou a vontade de debater. Cerca de 50% dos usuários afirmam que evitam falar de política no grupo da família especificamente para fugir de brigas, enquanto 52% dizem se policiar diariamente sobre o que escrevem. Esse movimento de autorregulação é visível nos números: em 2021, 34% das pessoas relatavam que o grupo de família era o lugar onde mais surgiam notícias políticas; em 2024, esse índice caiu para 27%. O receio de ataques atinge todos os espectros políticos, sendo sentido por 63% das pessoas de esquerda, 66% das de centro e 61% das de direita.
Para os pesquisadores, esse cenário indica um amadurecimento e a criação de “normas éticas” próprias para a convivência no aplicativo. Muitos usuários passaram a adotar estratégias para manter a paz, como conversar sobre temas sensíveis apenas no privado ou utilizar o humor para suavizar críticas.
Por outro lado, o cansaço com as discussões acaloradas já fez com que 29% dos respondentes saíssem de grupos onde não se sentiam à vontade. O WhatsApp, que já foi um grande palco de debates, agora parece dar lugar ao silêncio estratégico em nome da preservação das relações pessoais.