REAÇÃO SOCIAL
Valdemir Caldas
Manifestações de repúdio e ações judiciais começam a pipocar, aqui e acolá, contra a posse do deputado Chico Paraíba no cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia.
O pontapé inicial foi dado por um grupo de acadêmicos do Curso de Direito da Uniron. Em ofício, enviado ao Ministério Público, os estudantes pedem a abertura de ação civil pública para brecar a posse de Paraíba.
A iniciativa dos estudantes soou como melodia agradável aos ouvidos da sociedade, cuja paciência já anda saturada com o cometimento de tantas patifarias, conquanto haja quem considere mais importante apontar eventuais erros no texto produzido pelos alunos do que discutir, à luz da lei, da ética e da moralidade pública, as trapalhadas de que é acusado o parlamentar.
A decisão da ALE foi uma bofetada na cara do povo. O Ministério Público e o Tribunal de Justiça não podem deixar passar em brancas nuvens gesto tão nocivo quanto escarnecedor.
É preciso proibir a posse de Paraíba, em nome da reputação ilibada, da moralidade e dos conhecimentos técnicos, econômicos e jurídicos, preceitos exigidos pela Constituição Estadual para quem ambiciona ocupar o mais alto posto na estrutura organização daquela Corte, depois do de presidente, é claro.
Para decepção daqueles que, provavelmente, acreditavam que a Assembléia Legislativa havia mudado para melhor, depois da infausta administração Carlão de Oliveira, os resultados estão aí.
A decisão final do imbróglio foi dada pelos deputados, mais pela avidez fisiológica do que mesmo pelo sentimento cívico autêntico de mudar a imagem da Casa, hoje, carbonizada no conceito da opinião pública.
Não será, jamais, com atitudes dessa natureza, que vamos conseguir retirar o Estado do lodaçal fétido no qual a incompetência política nos enredou.
O nanismo cívico de certos homens públicos rondonienses, responsáveis pela vivência política do Estado, não está em consonância com a magnitude dos anseios manifestados por sua população, que decidiu voltar às ruas para cobrar o retorno da dignidade aos costumes político-administrativos.
A urdidura, orquestrada nos escaninhos do Poder Legislativo, que culminou com a escolha de Chico Paraíba para conselheiro do TCE, é uma afronta aos mais comezinhos princípios de justiça, um escárnio contra o presente, com graves conseqüências para o futuro.