Embora culturalmente associada a crenças místicas, a ideia de que a inveja pode afetar o bem-estar encontra respaldo em pesquisas científicas que analisam os efeitos emocionais, sociais e fisiológicos desses sentimentos. Especialistas afirmam que avaliações negativas, comparações constantes e julgamentos — elementos presentes na dinâmica da inveja — têm impacto direto sobre o estado interno de quem é alvo.
Um dos estudos mais citados sobre o tema é o de Dickerson e Kemeny (2004), que investigou como situações de exposição social, pressão externa e comparação ativam respostas específicas de estresse. Segundo os autores, esse tipo de estresse social desencadeia alterações hormonais e emocionais rápidas, capazes de afetar humor, energia e até a percepção de si mesmo.
Outra pesquisa de referência, conduzida por Hillary Anger Elfenbein (2014), reforça que emoções são contagiosas e tendem a se espalhar em ambientes sociais. O estudo demonstra que emoções negativas — como inveja, ressentimento e hostilidade — possuem maior velocidade e intensidade de transmissão, influenciando o comportamento e o estado emocional de quem está por perto.
De acordo com especialistas em comportamento humano, sentimentos como a inveja podem gerar um processo de “contração emocional”, caracterizado por queda na vitalidade, tensão interna e redução da motivação. Essa resposta pode ser intensificada quando a pessoa já vive situações de insegurança emocional ou fragilidade psicológica.
Por outro lado, indivíduos com maior estabilidade emocional e sensação de segurança tendem a ser menos afetados por tensões sociais e emocionais ao seu redor. Pesquisadores apontam que o fortalecimento emocional — por meio de autoconsciência, autoconfiança e relações saudáveis — funciona como uma espécie de proteção psicológica.
A percepção de estar sendo afetado pela energia ou pelo comportamento de outra pessoa é um fenômeno comum, mas compreender sua base emocional ajuda a ampliar estratégias de prevenção. Especialistas defendem que reconhecer gatilhos emocionais, fortalecer autoestima e desenvolver limites saudáveis são passos fundamentais para reduzir o impacto desse tipo de interação social.
Em um cenário em que redes sociais ampliam comparações e a exposição pública, entender como emoções se propagam e influenciam estados internos se torna cada vez mais essencial para a saúde mental.