Uma “palestra” do MBL na Universidade Federal de Rondônia (UNIR) causou confusão e gerou protestos de entidades estudantis no último dia 21 de novembro. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) e outros grupos de alunos se posicionaram contra o evento e questionaram a Reitoria sobre sua autorização.
Após a denúncia de que membros do Movimento Brasil Livre (MBL), classificado pelos estudantes como um “movimento de extrema direita”, estariam na universidade para uma palestra, o DCE e outras entidades estudantis foram questionar a Reitoria. Os estudantes organizaram um protesto e declararam oposição ao comportamento social do MBL, com publicações em redes sociais usando a frase de ordem “Fascista não se cria na UNIR!”.
De acordo com os estudantes, o MBL vem pregando e incentivando discursos de violência contra camponeses no interior de Rondônia. Na “palestra” na Unir, alunos ligados ao DCE relatam ainda que o MBL não só exalta a ação policial que resultou em 123 mortes no Rio de Janeiro, como sugere que o governador Marcos Rocha (PL) deveria fazer o mesmo em Rondônia.
A confusão envolveu diretamente a Reitoria, que foi questionada sobre o conhecimento e a autorização do evento. Há denúncias anteriores de docentes sobre o autoritarismo da Reitoria em outras questões, o que pode ter intensificado o conflito. “Após receber uma denúncia de estudantes de que haveria uma ‘palestra’ do MBL, movimento de extrema direita, em nossa universidade, nós, do Diretório Central dos Estudantes e demais entidades estudantis, fomos imediatamente questionar a Reitoria de nossa universidade sobre o posicionamento diante o conteúdo dessa ‘palestra’, escreveu o DCE em sua página no Instagran.
“Recebidos por dois membros da reitoria, um deles é chefe de gabinete, não obtivemos respostas a não ser a conivência com discursos de ódio e presença de extremistas dentro de nossa universidade”, relata o DCE. “Pode ser facista, nazista, até o Hitler, seja lá o que for, nós vamos receber aqui na universidade, quem manda aqui é a reitoria”, disse o servidor chefe de gabinete, segundo o estudante do Curso de Pedagogia, Michael Carvalho.
Sob condição de anonimato, um professor da Unir acompanha o caso com preocupação. “A universidade brasileira está sob ataque da extrema direita há anos. No caso da Unir, nossos alunos estão sendo atacados pelo MBL e, inexplicavelmente, não contam com a defesa e solidariedade da reitoria, que ao se calar, parece concordar com os ataques. Entendo que, ao se calar, a reitoria da Unir assume que há um processo de ‘nazificação’ do gabinete em andamento”, opinou.
Um grupo de professores e alunos ligados às representações estudantis entende que a fala do chefe de gabinete da reitoria é criminosa na medida em que faz apologia ao nazismo, e estudam a possibilidade de denunciar o servidor tanto na Corregedoria da Universidade quanto no MPF – Ministério Público Federal.