A Polícia Federal vai investigar fundos previdenciários estaduais que mantinham relações financeiras com o Banco Master, instituição colocada em liquidação extrajudicial pelo Banco Central. A ofensiva ocorre após a prisão do presidente do banco, detido pela PF quando tentava embarcar para o exterior.
O caso levantou suspeitas sobre a atuação do Master junto a órgãos públicos, incluindo institutos de previdência que administram bilhões de reais em investimentos.
Atuação direta de enviado do banco em Rondônia acende alerta
Segundo informações obtidas pela reportagem, um “enviado” do Banco Master esteve pessoalmente no IPERON e teve contato direto com um servidor do instituto, apresentando supostas vantagens de aplicar recursos nos produtos da instituição.
O episódio ganhou relevância diante do tamanho da carteira do instituto: o IPERON administra quase R$ 6 bilhões, montante que naturalmente desperta forte interesse de instituições financeiras — especialmente de um banco que, agora se sabe, já enfrentava questionamentos severos.
A movimentação levanta uma dúvida central: como esse emissário conseguiu abordar um servidor sem que o presidente do IPERON tivesse conhecimento? O episódio reforça preocupações sobre potenciais brechas internas e a necessidade de blindagem institucional para evitar assédios financeiros indevidos.
CIPERON já havia rejeitado Master por risco reputacional
Apesar do contato, o IPERON não autorizou nenhum credenciamento vinculado ao grupo Master.
Na 7ª Reunião Ordinária do Comitê de Investimentos de 2025, realizada em 23 de julho, o comitê indeferiu os pedidos de credenciamento do Banco Master S/A e da Corretora Master CCTVM S.A. A recusa ocorreu por ausência de solidez patrimonial, risco reputacional e “exposição pública”. Foram aprovados apenas os credenciamentos da Inter Asset e da Inter DTVM, que cumpriram os requisitos técnicos e éticos.
Presença do Master já estava no radar antes da operação da PF
Rondônia havia encaminhado anteriormente uma solicitação técnica referente ao Master, que agora passa a integrar o escopo das investigações federais sobre fundos estaduais.
Com a liquidação do banco e a prisão de seu presidente, a PF busca identificar eventuais práticas irregulares envolvendo órgãos previdenciários que administram grandes volumes de recursos públicos.
Pressão por transparência e governança
O caso deve ampliar a cobrança por mecanismos mais rígidos de controle interno, especialmente quando envolve recursos previdenciários que pertencem à coletividade e precisam ser protegidos contra riscos financeiros e tentativas de influência indevida.