A HORA MAIS ESCURA - O filme da excelente diretora Kathryn Bigelow, lançado em 2012, "A hora mais escura" (Zero Dark Thirty), de maneira direta conta a história da caçada a Osama Bin Laden pelo Governo dos EUA, através da persistência da agente da CIA, Maya (Jéssica Chastain, maravilhosa) em conseguir através das confissões de prisioneiros suspeitos de integrar o grupo Al Qaeda ou integrantes de células terroristas no Paquistão e Afeganistão pistas que levem ao maior terrorista do mundo.
Eu demorei muito até conseguir assistir esse filme com toda a atenção merecida, talvez porque eu não seja tão fã do filme anterior da diretora, "Guerra ao Terror", que acabou lhe proporcionando a receber dois Oscars da academia, direção e produtora (melhor filme) - tornando a primeira mulher a receber o prêmio.
A história é baseada em alguns fatos reais na caçada a Bin Laden logo após o atentado dos aviões que derrubaram as Torres gêmeas do World Trade Center e matou 3 mil pessoas. E as consequências e pressões que o próprio governo se impôs nessa busca envolvendo a CIA, o Exército e espiões.
O início de "A Hora Mais Escura", pelo menos a primeira meia hora é difícil, pois mostra como os americanos conseguem obter informações de seus prisioneiros através de tortura física e psicológica. O roteirista Mark Boal não poupa detalhes, mostrando de forma explícita como fazer para dobrar um suspeito de integrar o grupo Al Qaeda para que entregue os nomes dos principais aliados de Osama Bin Laden.
A agente Maya é designada a acompanhar as sessões de tortura e obter o máximo de informações. Ela mesmo se espanta com alguns momentos das torturas, porém sabe que não tem um limite para sua busca por Osama e é justamente aí que vem a sua transformação, pois pelo fato de ser mulher com uma missão quase impossível, o seu autocontrole e obsessão acabam batendo de frente com seus superiores e o desafio é maior.
O filme é tenso e alguns momentos frenético e meticuloso ao mostrar a busca pelos aliados de Osama. As sequências de rua no Paquistão são incríveis, pois com o nome de um dos principais homens forte da Al Qaeda, agentes e espiões tentam triangular suas ligações para o comando do grupo terrorista e descobrir o seu paradeiro.
Quando uma fortaleza vira um ponto suspeito onde pode estar o próprio Osama, Maya tem que conseguir provar que se trata dele mesmo junto com a inteligência do exército para conseguir obter o aval da Casa Branca para autorizar uma missão de eliminação e resgate.
Aí vem o domínio técnico da diretora em criar momentos de tensão e levar o espectador a onde quer - por vezes ela usa muita câmera na mão para dar a sensação de proximidade da ação -, quando um esquadrão resolve invadir a fortaleza e uma boa parte dessa sequência é feita com lente noturna e as imagens são em primeira pessoa.
É um filme forte, muito bem realizado e por incrível que pareça não fez o sucesso esperado.
Eu achei incrível o modo como o filme é conduzido e a abordagem da história. Não tem embromação, é direto e a personagem da agente Maya é consistente no ponto exato, mostrando pouco da sua vida pessoal, mas o suficiente para entendermos o seu perfil obsessivo.
Alguns dados curiosos sobre o filme mostra como foi uma podução trabalhosa. A ideia inicial era fazer um filme sobre a fracassada tentativa de capturar Bin Laden meses depois do 11 de Setembro em Tora Bora, no Afeganistão. O roteiro já estava em pleno desenvolvimento quando a morte do terrorista foi anunciada, forçando uma mudança de planos e levando Bigelow e Boal a encarar o desafio de recontar um episódio histórico recente e ainda envolto em mistério.
A produção é excelente, na forma como mostra o belicismo ou modus operandi dos agentes casam perfeitamente com a história e os fatos já conhecidos e que resultaram na morte de Bin Laden.
O título do filme em inglês, que literalmente quer dizer “zero escuro trinta”, é um termo militar para “meia-noite e meia”, a hora em que Bin Laden foi morto.
Esse é o chamado “filmaço”.
SEGREDOS NAS PAREDES - Já está um tempo disponível no catálogo da Netflix esse filme de suspenseterror tailandês "Segredos nas Paredes" (The Whole Thrut/2021), escondido e que vale ser descoberro.
Escrito por Wisit Sasanatieng e um bom roteiro de Abishek J. Bajaj, o filme tem uma série de referências que nos fazem lembrar outro filmes e até um mangá do mestre Junji Ito - numa pista falsa, mas que é claramente um fan service do diretor ao mestre do horror japonês Ito, de uma de suas obras mais significativas, "Uzumaki" (pesquisem no Google, "espirais de Uzumaki").
O início já te coloca na trama que vai conduzir ao mistério intrigante quando dois irmãos adolescentes, Pim e Putt, são obrigados a sair de casa para morar com os avós logo após a mãe sofrer um grave acidente de carro e ficar em coma. Quem lhes dá a terrível notícia é o avô, acompanhado da avó deles. O intrigante é ver que eles não os conheciam, pois a mãe se afastou e nunca contou como estavam.
Qual o mistério? Por que desse segredo?
No momento que vi essa premissa lembrei do ótimo filme do diretor M. Night Shyamalan, "A visita", de 2015.
Mas logo essa premissa se expande quando descobrimos que uma vez na casa dos avós, coisas estranhas acontecem, principalmente de madrugada, como barulhos vindo da parede, gemidos e choros. Pra piorar tem um buraco na parede da sala onde somente os irmãos conseguem ver. E uma vez que eles vão meter o olho para saber o que tem nesse buraco uma aparição vai tomando forma de maneira chocante.
Com a mãe em coma e internada numa UTI, os jovens tem uma estranha convivência com os avós - principalmente a idosa - ao mesmo tempo que começam a desconfiar que houve um crime na casa e algo, uma entidade, os está alertando de um perigo iminente.
"Segredos nas paredes" tem um plot twist cruel e pelo menos mais duas reviravoltas surpreendentes e que envolvem o avô, um policial aposentado.
O final é forte e violento.
Aqui não é "slash" ou "gore", é um mistério que vai sendo construído para uma revelação chocante e absurda.