Se o mundo está à beira do colapso climático, o curta-metragem CL[y]MATICS, do Coletivo Madeirista de Rondônia, preferiu falar uma linguagem que qualquer um entende. Entre imagens orgânicas, ironia afiada e um olhar crítico que dispensa obviedades, o curta transforma a urgência ambiental em uma experiência sensorial e política — daquelas que ficam ecoando depois que a tela escurece.
E não é só o clima que anda esquentando, neste final de ano, o filme vem circulando pelos festivais internacionais e acumulando reconhecimento em territórios onde o frio é intenso, mas o debate é quente.
Na Suécia, o curta integrou a programação do Festival Internacional de Cinema de Lulea em novembro, estreando na 6ª edição consecutiva, evento que se consolidou como um dos principais espaços nórdicos para filmes independentes de todo o mundo. Avaliado mensalmente por um júri internacional, o curtametragem esteve no radar para as exibições presenciais e sessões de Q&A do festival diretamente de Luleå,em Norrbotten na Suécia onde o gelo tem encontro marcado tradicionalmente com o cinema autoral.
No Canadá, o reconhecimento veio em dose dupla. Em Toronto, CL[y]MATICS foi indicado a Curta Melhor Documentário no Couch Film Festival, figurando entre os 8 filmes favoritos do júri. A seleção não garantiu uma exibição especial no evento do dia 30 de dezembro, mesmo assim se tornou relevante para o ecossistema audiovisual contemporâneo.
Também em Toronto, o curta marcou presença no AltFF – Alternative Film Festival, outro espaço que foge do óbvio. Distante da lógica tradicional de premiações, o AltFF celebra aquele cinema que atravessa fronteiras estéticas e conceituais — e CL[y]MATICS foi novamente indicado a Melhor Curta Documentário, integrando o grupo de finalistas exibidos no evento trimestral do festival.
Entre o Ártico sueco e o circuito alternativo canadense, CL[y]MATICS segue seu percurso como quem observa o mundo com um leve sorriso amazônico: consciente de que não há neutralidade possível quando o assunto é clima, floresta, rios e futuro. Um curta que não entrega respostas fáceis — mas faz perguntas difíceis, com beleza, trilha sonora impactante e precisão.
Porque às vezes, para falar do fim do mundo, é preciso começar pelo detalhe. E por que não, pelo rio Madeira?
CL[y]MATICS estrou online no Brasil em setembro, durante a última Primavera de Museus - estreando também online no hemisfério norte, indo da Suécia para o Canadá. Confira o curta e tire suas próprias conclusões: