TREMEMBÉ: Série sobre detentos famosos é um dos maiores sucessos da temporada - Por Marcos Souza

Tremembé está disponível no catálogo do serviço de streaming da plataforma Amazon Prime

TREMEMBÉ: Série sobre detentos famosos é um dos maiores sucessos da temporada - Por Marcos Souza

Foto: Divulgação

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A série atualmente mais falada no momento, seja nas redes sociais ou na mídia, é "Tremembé", que foi lançada no último dia 31 no catálogo do serviço de streaming da plataforma Amazon Prime, com enorme repercussão até mesmo dentro do streaming, que já divulgou que é o produto de maior sucesso no ano e bateu inclusive a série brasileira “Cangaço Novo”, de 2023. 
 
É uma série curta, com cinco episódios de 45 minutos a 1 hora, e que tem a estrutura dramática de um “true crime” por envolver criminosos famosos condenados e que figuraram em casos de grande repercussão midiática. Os personagens principais, com o protagonismo de Suzane von Richthofen - vivida de forma brilhante pela atriz Mariana Ruy Barbosa, que personifica muito bem a condenada -, habitam o mesmo espaço do presídio, Tremembé II - situado próximo à cidade de Taubaté -, dividido em alas - masculina e feminina - e passam por situações adversas que proporcionam conflitos, traumas e vivências violentas.
 
O foco da série é mostrar o cotidiano desses criminosos no presídio paulista e como tentam sobreviver e buscar meios de obter o habeas corpus ou o direito de cumprir pena domiciliar, apelando tanto para a Justiça ou manipulando o sistema, como faz o médico, condenado por estupro, Roger Abdelmassih - numa interpretação acapachante de Anselmo Vasconcelos, ator versátil e que está muito, muito bem em um papel ingrato. 
 
A série é baseada em dois livros do jornalista Ullisses Campbell - “Elize Matsunaga: A mulher que esquartejou o marido” e “Suzane: assassina e manipuladora” -, que é também o roteirista junto com os talentos de Vera Egito, Juliana Rosenthal, Thays Berbe e Maria Isabel Iorio. 
 
 
Onde percebemos que ao assistir os episódios e com situações de personagens isolados, além dos já citados, ainda tem a presença de Elize Matsunaga (com a ótima Carol Garcia) - condenada por matar e esquartejar o marido, o empresário Marcos Matsunaga, o casal Nardoni - Alexandre e Anna Carolina Jatobá (um trabalho caprichado da atriz Bianca Comparato), os roteiristas devem ter divididos a tarefa de conduzir o trama prisional de cada um dentro de Tremembé, dando uma dinâmica de imersão que está muito bem construída dentro da proposta da série.
 
 
É um produto nacional produzido com a marca Amazon/MGM e tem a  direção geral da experiente Vera Egito (diretora do filme “Amores Urbanos” e co-roteirista do filme “Serra Pelada” - ambos de 2016), que deixa tudo muito bem feito, como a ambientação retratada dentro do presídio. 
 
Destaque para o ótimo trabalho de direção de arte e criação de cenários dos interiores do presídio, que foram construídos dentro de uma fábrica de calcinha desativada. E no caso foi permitido apenas gravar em frente a fachada do presídio original, para dar mais autenticidade.
 
 
 
Claro que a série toma algumas liberdades narrativas entre os personagens famosos, como a vivência da Suzane e o seu relacionamento amoroso com a chefe da ala feminina do presídio, Sandrão (excelente atuação da atriz Letícia Rodrigues), e o seu encontro com a Elize Matsunaga, que tinha um caso amoroso com Sandrão antes. A forma como dá o encontro de Suzane e Elize nunca ocorreu. Porém aborda, com base nos autos dos processos condenatórios dos personagens, trechos dos crimes que cometeram, reproduzindo com grande carga dramática.
 
 
O uso da trilha sonora em alguns momentos desses crimes chocam pela sincronia da catarse provocada, com uma imersão absurda. Cito a reprodução do caso do crime da Elize, quando ela entra em embate com o marido Marcos Matsunaga, o mata e depois numa sequência de terror entra a música “Time of the Season”, da banda inglesa The Zombies, enquanto ela o esquarteja (cena sugerida, não explícita).
 
 
O corte do drama para os irmãos Cravinhos é mais próximo do que ocorreu de fato com eles dentro de Tremembé II. Se Daniel Cravinhos tem uma enorme dificuldade para desvencilhar seus sentimentos contraditórios com Suzane, principalmente o ódio, pela sua condenação, o irmão mais velho, Christian, dá vazão a um relacionamento homoafetivo com um prisioneiro novato - de onde origina a polêmica cena da calcinha preta - o próprio, da vida real, declarou na mídia que isso jamais aconteceu. Mas, tem controvérsias.
 
Sobre Suzane, cujo protagonismo é maior na série, vamos acompanhar a sua chegada a Tremembé II, o seu grande poder de manipulação com pessoas próximas, principalmente depois de conseguir se tornar a namorada da líder da ala feminina do presídio, a Sandrão, criminosa condenada por ter matado um adolescente de 14 anos em um sequestro mal sucedido, até o fato de conseguir uma entrevista ao vivo no programa do Gugu Liberato - o ator Paulo Vilhena dá vida ao apresentador, de maneira sóbria - conseguir entrar no rol das prisioneiras com direito a famosa “saidinha” de final de ano. 
 
Mas o interessante é observar como Suzane tem o exercício de utilizar sua beleza e carisma como uma arma de manipular e manter sob controle algumas ações em sua volta, até a chegada de uma desafeta de outro presídio. 
 
O destaque pra mim, no entanto, é a interpretação do ator Anselmo Vasconcelos numa caracterização impressionante do médico  Roger Abdelmassih - especializado em fertilização artificial e cuja clínica era referência nacional -, condenado a 181 anos de prisão pelo estupro de 37 pacientes (mulheres), em que ele no presídio simula estar convelescido e precisa de um laudo para conseguir um habeas corpus. Do gestual, as expressões faciais, tiques, o ator consegue ser a encarnação do médico. 
 
 
A série envereda por uma crítica muito enfática também sobre o poder que pastores e as igrejas evangelicas tem sobre os criminosos condenados, que basta se converter para que os seus crimes sejam apagados ou se tornem meras lembranças de uma época em que o prisioneiro convertido antes tinha o “satanás no corpo”, “o demônio o influenciou”, ou seja, direcionam o crime cometido não à pessoa, indivíduo, mas a uma entidade do mal subjetiva.
 
Tem uns absurdos, como a própria conversão da Suzane von Richthofen, ou quando uma amiga dela, condenada por ter matado na pancada o enteado, um menino de seis anos, é perdoada pelo pai da criança, evangélico convertido, e celebra um casamento com ela na igreja gritando para todos ouvir que ele a perdoa e que a mulher só cometeu o crime porque estava “endemoniada”. 
 
 
Com uma gama de personagens reais e famosos retratados aqui, mesmo que condenados pela Justiça brasileira, o autor, Ullisses Campbell, escreveu o roteiro, junto com outros, sob os cuidados e orientações do setor jurídico da Amazon Prime, para não dar brecha para que sofresse algum tipo de processo.
 
“Tremembé” é uma ótima série, creio apenas que tem um final abrupto e aberto, deixando uma porta aberta para uma continuação que, pelo sucesso que vem obtendo, dever vir, com certeza. 
 
 
GUIA DOS EPISÓDIOS E DURAÇÃO
 
A produção tem aproximadamente 4 horas e 13 minutos:
 
Episódio 1 - "Confia em mim": 47 minutos
Episódio 2 - "Até que a morte nos separe": 59 minutos
Episódio 3 - "Assassinas na TV": 51 minutos
Episódio 4 - "Acerto de contas": 48 minutos
Episódio 5 - "Justiça seja feita": 48 minutos
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