Entrevista histórica - Por Selmo Vasconcellos

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ANTONIO CÍCERO – Rio de Janeiro, RJ.

19 de JANEIRO de 2011.

 

Nota: Atualmente membro da Academia Brasileira de Letras (posse 16/03/2018).


SELMO VASCONCELLOS - Quais as suas outras atividades, além de escrever ?
ANTONIO CICERO - Além de escrever, dou aulas e faço conferências em diferentes estabelecimentos.

SELMO VASCONCELLOS - Como surgiu seu interesse literário ?
ANTONIO CICERO - Lendo. Desde que aprendi a ler, a leitura é um dos meus maiores prazeres. Apaixonei-me pela literatura: primeiro pelos romances, depois, e definitivamente, pela poesia. A partir dessa paixão, comecei a escrever.

SELMO VASCONCELLOS - Quantos e quais os seus livros publicados ?
ANTONIO CICERO - Apenas quatro: “O mundo desde o fim”, “Guardar”, “A cidade e os livros” e “Finalidades sem fim”.

SELMO VASCONCELLOS - Qual (is) o(s) impacto(s) que propicia(m) atmosfera(s) capaz(es) de produzir poesia ?
ANTONIO CICERO - Qualquer coisa e nenhuma. Não há regra. O mais importante, de longe, é a leitura vagarosa e refletida dos grandes poetas.

SELMO VASCONCELLOS - Quais os escritores que você admira ?
ANTONIO CICERO - Muitos. Citarei uns poucos: Platão, Horácio, Dante, Shakespeare, Cervantes, Goethe, Stendhal, Baudelaire, Tolstoi, Machado de Assis, Fernando Pessoa, T.S. Eliot, Thomas Mann, Drummond de Andrade, João Cabral...

SELMO VASCONCELLOS - Qual mensagem de incentivo você daria para os novos poetas ?
ANTONIO CICERO - Façam o que depende de vocês: leiam muito, escrevam muito, corrijam muito, cortem muito e publiquem apenas o que acharem que está realmente bom. O resto não depende de vocês.

RAPAZ

Hesitante entre o mar ou a mulher
a natureza o fez rapaz bonito,
rapaz:
pronto para amar e zarpar.

Também ao poeta apraz
o ser rápido e rapace.
*****
MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA

Fica em Boa Viagem. Disco voador
ele não é, pois não pousou na pedra
mas se ergue sobre ela; nem alça voo:
à orla de cidades e florestas
suspende-se no ar feito pergunta
e o que tem dentro mergulha e se banha
no mundo em volta e o mundo em volta o inunda:
é o museu fora de si, de atalaia
à curva do abismo, à altura das musas,
sobre o mar, sobre a pedra sobre o mar,
e sobre o espelho d'água em que se apura
sobre essa pedra um mar a flutuar,
****
Leblon

O menino olha para o mar:
lá no fundo ele se funde ao céu;
mas atrás há um muro e aquém do olhar
pulsam sangue e morro e mata e breu.
*****
Noite

Vêm lá do canal
reverberações
do ladrar de um cão.

Uma dessas noites
tudo vai embora:
Leve-nos,
ladrão.

Abre-se o sinal
pra ninguém passar.
É melhor ser vão
tudo o que pontua
****
QUASE

Por uma estranha alquimia
(você e outros elementos)
quase fui feliz um dia.
Não tinha nem fundamento.
Havia só a magia
dos seus aparecimentos
e a música que eu ouvia
e um perfume no vento.
Quase fui feliz um dia.
Lembrar é quase promessa,
é quase quase alegria.
Quase fui feliz à beça
mas você só me dizia:
“Meu amor, vem cá, sai dessa”.
****
PERPLEXIDADE

Não sei bem onde foi que me perdi;
talvez nem tenha me perdido mesmo,
mas como é estranho pensar que isto aqui
fosse o meu destino desde o começo.
****
SAIR

Largar o cobertor, a cama, o
medo, o terço, o quarto, largar
toda simbologia e religião; largar o
espírito, largar a alma, abrir a
porta principal e sair. Esta é
a única vida e contém inimaginável
beleza e dor. Já o sol,
as cores da terra e o
ar azul – o céu do dia –
mergulharam até a próxima aurora; a
noite está radiante e Deus não
existe nem faz falta. Tudo é
gratuito: as luzes cinéticas das avenidas,
o vulto ao vento das palmeiras
e a ânsia insaciável do jasmim;
e, sobre todas as coisas, o
eterno silêncio dos espaços infinitos que
nada dizem, nada querem dizer e
nada jamais precisaram ou precisarão esclarecer.
****
O POETA CEGO

Eis o poeta cego.
Abandonou-o seu ego.
Abandonou-o seu ser.
Por nada ser ele verseja.

Bem antes do amanhecer
em seus versos talvez se veja
diverso de tudo o que seja
tudo que almeja ser.
****
BALANÇO

A infância não foi uma manhã de sol:
demorou vários séculos; e era pífia,
em geral, a companhia. Foi melhor,
em parte, a adolescência, pela delícia
do pressentimento da felicidade
na malícia, na molícia, na poesia,
no orgasmo; e pelos livros e amizades.
Um dia, apaixonado, encarei a minha
morte: e eis que ela não sustentou o olhar
e se esvaiu. Desde então é a morte alheia
que me abate. Tarde aprendi a gozar
a juventude, e já me ronda a suspeita
de que jamais serei plenamente adulto:
antes de sê-lo, serei velho. Que ao menos
os deuses façam felizes e maduros
Marcelo e um ou dois dos meus futuros versos.

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