Além de brilhar nos vestibulares, ela impressiona na música: domina mais de 10 instrumentos, como violino, piano e saxofone. Em 2022, chegou a representar o Acre em um concerto no Teatro Amazonas, em Manaus, tocando saxofone na execução de “We Are the Champions”, do Queen.
Esse perfil multifacetado mostra que Ana Joyce não é apenas uma estudante prodígio — é uma jovem de talento amplo, capaz de se destacar em várias áreas.
O concurso em Porto Acre: talento que ultrapassa a sala de aula
No concurso público realizado pela Prefeitura de Porto Acre, Ana Joyce conquistou o primeiro lugar no ranking, errando apenas duas questões. A façanha ganhou destaque nacional e mostrou que sua competência não se limita ao ambiente escolar, mas também se comprova em avaliações oficiais de alta exigência.
Mesmo assim, a mãe da adolescente afirmou que não irá buscar na Justiça uma forma de garantir ingresso imediato em universidades. A decisão de esperar tem como objetivo preservar a maturidade e o equilíbrio da filha, mesmo diante de oportunidades tão extraordinárias.
As 10 faculdades aprovadas: o mito e a realidade
Embora diversos veículos tenham noticiado a aprovação em 10 instituições de ensino superior, nem sempre os nomes e cursos foram divulgados. O que está confirmado é que Ana Joyce passou em vestibular para Música na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), entre outros processos seletivos.
Muitas dessas inscrições são tratadas pela família como exercícios e preparação para seu objetivo maior: a medicina. Assim, mais do que uma lista de diplomas, as aprovações funcionam como treino para a jovem enfrentar, futuramente, a concorrida seleção dos cursos de saúde.
O dilema familiar: proteger ou acelerar o futuro?
Apesar de todo o reconhecimento, a família decidiu manter Ana Joyce em sua rotina escolar normal. Para eles, entrar cedo na universidade não é prioridade. O mais importante é que ela amadureça, aproveite a adolescência e esteja preparada emocionalmente para os desafios de uma formação tão exigente.
Essa escolha abre espaço para um debate fundamental: como lidar com jovens superdotados no Brasil? Pressioná-los para avançar rapidamente ou respeitar seu ritmo emocional e social?
Educação para superdotados: desafios no Brasil
O caso de Ana Joyce também expõe falhas do sistema educacional brasileiro. Embora existam iniciativas como o NAAH/S, ainda há poucos programas estruturados, falta de professores capacitados e escassez de currículos flexíveis que permitam aos superdotados expandirem seu potencial.
Estudos indicam que até 5% da população brasileira possui altas habilidades, mas apenas uma minoria tem acesso a acompanhamento adequado. Isso gera desperdício de talentos e frustrações que poderiam ser evitadas.
Ana Joyce, nesse sentido, surge como um símbolo: um exemplo concreto de como o país precisa evoluir para transformar a genialidade em oportunidades reais.
O futuro de uma jovem prodígio
Se hoje, aos 13 anos, Ana Joyce já acumula aprovações em faculdades e concursos, o que esperar do futuro? Seu desejo de ser médica e pesquisadora abre espaço para imaginar que poderá contribuir com descobertas e avanços na área da saúde.
Mais que os números e os diplomas, o que fica é a mensagem: o talento existe, mas precisa ser guiado, estimulado e protegido. No Brasil, histórias como a dela são raras — mas poderiam ser mais comuns se houvesse políticas públicas de apoio a superdotados.