O processo que pede a cassação da nominata do PSB em Porto Velho deu uma guinada explosiva nesta terça-feira (18). O contrato que seria analisado por perícia — e que uma testemunha afirma jamais ter assinado — simplesmente sumiu. O desaparecimento do documento original aumentou ainda mais as suspeitas de falsificação e abriu uma nova frente de questionamentos sobre a campanha socialista na capital.
A ação, movida por Junior Cavalcante (PSDB) e acompanhada pelo Ministério Público, começou a ganhar corpo quando vieram à tona os números quase simbólicos das três candidatas do PSB: 2 votos para Caroline Suarez Costa, 7 para Luzia da Silva Ozorio de Oliveira e 8 para Rafaela Carolina Evangelista. A investigação aponta que elas têm vínculos familiares e que nem mesmo parentes contratados como cabos eleitorais votaram nelas.
Dinheiro público em rota suspeita
As inconsistências não param nos números. Parte dos recursos públicos das campanhas teria ido parar em contas pessoais e empresariais de Renan, primo de Caroline e contratado como cabo eleitoral. Ele também aparecia como responsável pelo aluguel de veículos usados por Caroline e Luzia.
As contas de campanha de Luzia foram reprovadas, e ela já foi condenada a devolver valores ao erário por falta de transparência.
Assinatura contestada e contrato sumido
O estopim do caso surgiu após o depoimento de Ueslei Lopes Soares — também primo das candidatas. Ele afirmou ao juiz que não trabalhou na campanha e que a assinatura atribuída a ele no contrato apresentado por Luzia é falsa.
A partir daí, o magistrado determinou que o documento original fosse entregue para perícia. Mas, nesta terça-feira (18), o advogado de Luzia comunicou o que ninguém esperava: “o contrato não foi localizado”.
A reportagem teve acesso ao arquivo digital e a uma assinatura verdadeira de Ueslei. A comparação visual é clara: não há qualquer semelhança.
Outros dois homens, Alessandro e Hudson, também negaram ter assinado contratos ou participado da campanha, revelando um possível padrão de falsificações. Prints de conversas foram anexados ao processo.
A Polícia Federal já investiga o caso por indícios de crime eleitoral.
Câmara pode mudar de composição
Se a Justiça confirmar as irregularidades, todos os votos do PSB serão anulados. A retotalização pode mudar a cara da Câmara Municipal: Evaldo da Agricultura (PSDB) e Jamilton Costa (PRTB) podem assumir cadeiras.
Além disso, as candidatas envolvidas podem ser declaradas inelegíveis e responder criminalmente por falsidade.