O sonho de mais de um século começa a se tornar realidade. Foi dado o ponto de partida para a construção da Ponte Binacional Brasil-Bolívia, que vai ligar Guajará-Mirim (RO) a Guayaramerín (Bolívia), fortalecendo a integração com os países do Mercosul. A previsão de entrega é 15 de março de 2028, dentro de um prazo de 1.260 dias.
A cerimônia de início das obras aconteceu na manhã desta sexta-feira (17) em Guajará-Mirim, reunindo autoridades brasileiras e bolivianas. Considerada a maior e mais importante obra do terceiro mandato do presidente Lula em Rondônia, a ponte é parte do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e promete transformar a economia regional.
Durante o evento, um vídeo institucional destacou o impacto da obra. O senador Confúcio Moura (MDB) e ministros do governo federal exaltaram o projeto, que deve gerar até 5 mil empregos diretos e indiretos, além de fortalecer a arrecadação municipal. Só neste ano, estima-se a criação de 200 a 600 empregos diretos.
Entre os presentes estavam o prefeito Fábio Netinho (Republicanos), anfitrião da solenidade; o ex-senador Acir Gurgacz (PDT); o prefeito de Nova Mamoré; o governador do departamento do Beni (Bolívia); os prefeitos de Guayaramerín e Riberalta; as deputadas Dra. Taissa (PL) e Cláudia de Jesus (PT); além de Miguel de Souza, representando o DNIT, e diversas outras autoridades civis e militares.

Em seu discurso, Confúcio Moura lembrou sua atuação pela inclusão da obra no PAC, em 2023, e celebrou o início de um projeto que há décadas simboliza o sonho de integração entre os povos da fronteira.
Uma ponte para unir economias e povos
O projeto prevê uma travessia de 1,22 quilômetro de extensão e 17,3 metros de largura, com investimento total estimado em R$ 421 milhões. O contrato abrange a ponte, os acessos e os complexos de fronteira, com prazo de execução de 36 meses.
No lado brasileiro, o acesso parte da margem do Rio Mamoré até a BR-425/RO (km 142,7), em um trecho de 3,7 km. Já o lado boliviano, sob responsabilidade do país vizinho, terá 6 km de acesso, conectando a cabeceira da ponte à rodovia definida pelas autoridades locais.
Mais do que um elo físico, a ponte simboliza a integração econômica e social entre as duas nações. Para o Brasil, representa um passo estratégico no “Projeto Saída para o Pacífico”, facilitando o transporte de mercadorias até os portos chilenos e reduzindo os custos logísticos de exportação.
Para a Bolívia, a obra consolida um antigo direito firmado no Tratado de Petrópolis (1903), garantindo acesso ao oceano Atlântico por meio do território brasileiro, via porto de Porto Velho.
Impactos sociais, econômicos e diplomáticos
Além de abrir novas rotas comerciais, a ponte promete impulsionar o agronegócio e a indústria nacional, aumentar a competitividade dos produtos brasileiros e gerar desenvolvimento sustentável na região.
Sob o ponto de vista social, a obra é vista como um instrumento de inclusão e mobilidade, integrando comunidades fronteiriças, estimulando o turismo, dinamizando o comércio local e criando oportunidades de trabalho.
No campo diplomático, a construção reforça os laços históricos de amizade e cooperação entre Brasil e Bolívia, consolidando compromissos bilaterais e fortalecendo a presença brasileira no eixo amazônico.
“Esta ponte é um símbolo de integração e esperança. Representa o futuro que une nossos povos, nossas economias e nossos sonhos”, afirmou o senador Confúcio Moura durante o evento.
Com o início das obras, Guajará-Mirim e Guayaramerín deixam de ser apenas cidades irmãs separadas por um rio, para se tornarem portas de entrada e saída de um novo tempo de desenvolvimento e integração continental.