Sem nenhum poder de decisão nos abusivos preços das tarifas, o usuário de transporte coletivo de Porto Velho não tem outra opção senão disputar, desde as primeiras horas da manhã, um lugar nos ônibus superlotados, que circulam pela cidade.
A via-crúcis começa logo cedo, a caminho do trabalho. E padrão inflexível não aceita como desculpa a falta de transporte. Quer o empregado no batente na hora exata. E ponto final. Caso contrário, é voltar para casa e descontar o dia perdido.
Enquanto isso, quase cem pessoas tentam acomodar-se num veículo que, por lei, só pode transportar, no máximo, sessenta passageiros. Mas, como em Porto Velho os empresários de ônibus não respeitam as leis, a saída é aventurar-se.
Não se diga, porém, que o problema se restringe, apenas, aos bairros Tancredo Neves, JK I, II e III, Marcos Freire, Ronaldo Aragão, Ulisses Guimarães. Não. Parece que, para essa regra, não há exceção. No final, todos padecem das mesmas dificuldades (ônibus insuficientes, lotados, sujos e horário de tráfego irregular, paradas quebradas e outras sem coberturas).
Entretanto, o que causa revolta é a insensibilidade do prefeito Roberto Sobrinho (PT) e da Secretária Municipal de Transportes e Trânsito (Fernanda Moreira), diante da situação, não se comovendo com o sofrimento da população, comportando-se como se nada tivessem que ver com o problema. Que é isso, “companheiro”? Não foi isso que o senhor prometeu ao povo, nos palanques e programas eleitorais.
Pedidos de providências, no entanto, podem até ajudar, mas não resolvem o problema. É preciso extirpá-lo pela raiz, começando pela quebra do monopólio, cuja proposta tramita, desde o ano passado, na Câmara Municipal. A paciência do usuário já chegou ao seu limite máximo.
As autoridades municipais não podem permitir que cenas de vandalismo, tão comuns em várias cidades brasileiras, onde a população, indignada com o descaso do poder público, tem apelado para a violência, depredando e incendiando ônibus, sejam incorporadas à cultura do usuário portovelhense.
É preciso modernizar e humanizar esse importante meio de transporte, desde há muito alvo de queixas por parte da população, tão absurdamente desrespeitada e vilipendiada em seus direitos.