Final feliz para a “Sailor” Graciela Falqueto Saraiva, jovem brasileira naturalizada Americana, servindo à “US Navy”. Expulsa com desonra em 6 de Maio de 2010 sob a equivocada acusação de uso abusivo de droga, Graciela suportou, com indômita altivez e força de quem se sabe inocente, longos meses de agonia pela injustiça sofrida, alimentando-se da esperança de que a verdade viesse a lume, como finalmente veio.
Sem conformar-se com o infame veredicto, a família se engajou em sua luta, buscando a solidariedade e o apoio concreto de amigos e autoridades de ambos os países, Brasil e Estados Unidos, sobretudo da imprensa brasileira onde militam jornalistas sensíveis e solidários, empenhados no combate às injustiças, venham de onde vierem, os quais se sentiram afetados pelo seu drama.
Surpresivamente, o Oficial Executivo do Centro Operacional da “NAVY” em Baltimore, a LCDR Cherryl Hawthome, informou ontem que, à vista de nova documentação recebida, esclarecedora dos fatos, o Comando Naval revogara o ato de expulsão da Graciela e ao mesmo tempo enviava os formulários para a devida retificação de seus registros militares, a restituição das condecorações, e a oferta da assistência necessária à sua reincorporação, restabelecendo-se o “status quo ante”. Ela se apresentará ao Comando próxima terça-feira, dia 8.
Graciela reagiu à notícia com choro de alegria, indicadores de que a tensão de meses ia-se embora pelos olhos e lhe fazia pulsar mais forte o coração. Finalmente voltará a vestir com orgulho uniforme e voltará ao serviço da Marinha dos EUA seu País adotivo, orgulhosa da solidariedade dos que não compactuaram com a injustiça, apesar apesar da despresível inércia da diplomacia brasileira.
Sobre o abandono da brasileira noticiado no Informe JB pelo jornalista Leandro Mazzini em 05/02/2011, desconhecemos o motivo da não entrega da carta enviada pela familia Saraiva à Presidente Dilma, aos cuidados da Embaixada do Brasil em Washington (cujo recebimento legivel do fax nos foi confirmado pela Secretária do Embaixador), bem como a falta de interesse de agir na intercessão solicitada (não intromissão ou ingerencia) junto ao governo Americano, tenha sido proposital, ignorando um dos fundamentos da República Federativa do Brasil que obriga o Estado repelir, protestar e combater de forma veemente afrontas cometidas contra direitos básicos e fundamentais de qualquer pessoa (art.1o, inc III).
Coincidentemente, Samuel Saraiva, o pai da Graciela, foi o autor de duas propostas legislativas que tramitam no Congresso apresentadas na Câmara pelo Deputado Manoel Júnior (PMBD-PB). O PLP 559/2010, dispondo sobre ampliação das atuais diretrizes do MRE para maior assistência a brasileiros no exterior (a qual o MRE foi contra) e a PEC 436/2009, assegurando representação política para a diáspora pelo sistema proporcional. Saraiva tambem causou indignação no MRE algum tempo atrás ao solicitar ao Presidente Lula, a suspensão do Conselho de Representantes Brasileiros no Exterior- CRBE alegando desperdício de dinheiro público, uma vez que o parlamento brasileiro discute a representação política.
Dificil entender a lógica da diplomacia brasileira: quando se trata de defender estrangeiros mundo afora (caso Battisti é o mais recente), além de regimes totalitaristas, a fala do Itamaraty é firme e forte, mas, num caso como o presente, silêncio total. Por que dois pesos, duas medidas?