O advento da estrela guia e a ressurreição de Paulus - Por Marquelino Santana

por Marquelino Santana

09 de Outubro de 2025 às 08:22

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O advento da estrela guia e a ressurreição de Paulus - Por Marquelino Santana

Foto: Divulgação

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Entre ritos e mitos de Xiripá, a parteira – mãe de Vivant, em sua ancestralidade cosmogônica, celebrara a sua soberana força de pacto com os deuses universais para munir o arquétipo do visionário filho de uma inabalável ontologia existencial que se tornasse capaz de resistir ao encoscoramento de uma gama de complexidade que estaria por vir.

Norteada por uma fenomenologia heterotópica da arte de conhecer o ser do ente humano, e axiologicamente agregar uma vasta rede de panteão de espíritos, Xiripá, mais uma vez, usufrui de sua autêntica força sobrenatural para solicitar do Deus Mwari de Zimbábue, a criação de uma virtuosa mulher para companhia e enleamento do filho Vivant.

Mwari, na sua colossal generosidade e complacência, evoca todas as forças espirituais da poderosa nação Shona para anunciar a dadivosa e imponente criação da embelecida mulher do firmamento: Nyamhita Frankiski. Xiripá conduz a deusa de forma imensurável até a simbólica terra das Três Marias. Nyamhita será apropriada dos valores singulares e plurais de empoderamento e Resistência, e de um protagonismo autônomo de pertencimento e sentimento do espaço vivido. Um espaço de ação que será imortalizado na espiritualidade da deusa mulher, e na vastidão de uma visão holística de mundo.

No entremeio do sfumato percurso, Xiripá precisara seguir outra trajetória, buscando encontrar as primeiras coberturas jornalísticas do obstinado e portentoso filho, e não pode entregar a prodigiosa e fenomenal mulher de Rondeau Vivant. Xiripá evoca a Ywagá – dono da casa das almas da nação Karipuna – e Ywagá aparece coberto de cinzas como que fora devorado por um enigmático fogo da estrada de sangue.

Xiripá pede a Ywagá para concluir o seu sagrado percurso, e entregar Nyamhita Frankiski a Rondeau Vivant. Preocupada com a deusa mulher, Xiripá pergunta: - Ywagá tu sabes onde fica a terra das três marias? E ele, irruptivo responde:

Eu nasci lá. É um lugar pesaroso, adornado por cruzes de muitas nações onde todo o meu povo fora vítima do mais cruel etnocídio amazônico. Diferente de outros povos da humanidade, nós não tivemos direito à cova, enquanto as covas de bandeiras estrangeiras foram edificadas sobre o nosso lugar ancestral. As cinzas tornaram-se nossos vestes funestos quando ficamos grudados a dormentes eletrificados. A carne ainda viva fora derretida, e seus restos mortais foram levados por camirangas gigantes.

Xiripá derrama lágrimas e promete a Ywagá ressuscitar as sementes originárias de seu povo, e no momento de despedida ela diz: - eles mataram a sua matéria, mas jamais conseguirão matar o seu espírito.

Ywagá retoma a rota planetária e segue triunfante rumo a terra das três marias. Ele chegara sob a radiante lua e pousara na Escola das letras de giz. Abre a devaneante mão e de forma imponente sopra a mais embelecida estrela do firmamento. O Deus da terra das almas despede-se e adentra na sensível espiritualidade de Rondeau Vivant ainda adormecido.

Um viscoso e inebriante luzeiro faz um círculo ao envolto do corpo de Vivant, enquanto Ywagá na imaterialidade da vida, aproxima-se impoluto e fala:

Vivant! Vivant! Xiripá pediu que entregasse a você, a Deusa Nyamhita Frankiski. Ela te dará novas sementes da vida. Cuide bem dela, pois ela será detentora de uma célebre e pujante visão holística de mundo. Lembre-se que no dia da estetizante celebração nós estaremos presentes e bem alojados na divinal essência do amor que vós unireis, e no momento do batismo final Eu mudarei o seu nome. O seu nome atual será o nome do seu veículo de comunicação, e você passará a se chamar Paulus Andreas.

Vivant acorda, olha para todos os lados à procura de sua Deusa mulher, mas sem sucesso. A tristeza invadira a sua alma, mas jamais duvidara dos sagrados ensinamentos de Xiripá. O relógio batera, o pulso revifica, e chegara o momento de sua aprendizagem na Escola das letras de giz. Ainda cabisbaixo sem poder enxergar a deusa anunciada por Ywagá, em passos lentos, ele arrasta seus velhos chinelos de couro até chegar à porta da escola.

A porta abre-se e Vivant avista a sua deusa de braços abertos para recebê-lo, enquanto duas chamas divinais ao alto, abençoa a magnífica celebração de amor e união entre dois corpos estetizantes, oriundos de um mundo surreal e ressuscitados no batismo inenarrável do mundo real. Rondeau Vivant agora é Paulus, o amor original da Deusa Frankiski.

Nesse imaginário privilegiado da vida, imbricado numa fascinante dimensão social, ambos careciam profundamente de uma substância ontológica que afugentasse divergências, e congregasse uma axiológica familiaridade que fabulosamente acabara de nascer. A inefável substância da alteridade não demora, seria necessário lapidar dois entes humanos e construir uma história única de luta e superação.

Na percepção imediata da realidade e suas significações, Xiripá envia duas criaturas imemoriáveis que serão responsáveis pela reconstrução identitária do lar e pela edificação doutrinária entre o ser e o ter. As duas criações são frutos da árvore que simbolizara o legítimo amor. Ela: Hannah Hlodawig, e ele: Hludwig Berht. Juntos serão protagonistas de uma história de sentimento e pertencimento na terra das três marias, como dois relevantes sustentáculos humanos de beleza e excelência, anunciados pelo advento da estrela guia e a ressurreição de Paulus.

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