Senado deveria erguer memorial a Rui Barbosa - Por João Serra

A classe política brasileira é menos respeitada que algumas figuras do crime organizado. É triste, mas é a realidade das ruas, onde o povo esta descrente com os rumos das políticas partidárias. Sobram mazelas sociais de violência, falta de leitos hospitalares e somado as tais obrigações mínimas do poder público, somam-se as certezas das impunidades e dos esquemas políticos.

A política nacional possui sim os seus heróis éticos ao longo de sua caminhada rumo à democracia e as garantias humanitárias e de liberdade plena. Se buscarmos focos nas atuais lideranças, certamente falar em homenagear á qualquer um dos atuais caciques políticos seria motivo de críticas e até xingamentos populares. Os exemplos negativos de roubalheiras, verdadeiros assaltos sem o uso de máscaras ao erário federal, aliado ao fato da Polícia Federal montar inquéritos, armar prisões cinematográficas, e cinco dias depois, todo mundo vai pra casa dar risada das “Instituições Fiscalizadoras” e mais ainda, dar risada do povo pagador de imposto. Esses fatos acabam contribuindo para tais desconfianças de desonra e injustiça. As práticas de “ESTADO POLICIAL” com a intenção de substituir o “Estado Ético” favorecem esse clima de total impunidade vinda da classe política ligada ao governo federal.

Quem teve a oportunidade de estudar mais a fundo as histórias de alguns países e de seus edifícios públicos, verá que os seus heróis políticos desfrutam de monumentos, de painéis gigantes com as suas frases mais eloqüentes e com raízes patrióticas e éticas. Na capital do Estado Unidos da América, estátuas e memoriais estão espalhadas por todas as praças e prédios públicos, como forma de lembrar aos atuais políticos e ao povo, que os éticos e honrados merecem destaques.

Aqui em Brasília, o ex-presidente Juscelino é reconhecido em vários locais da cidade. Além da obra física da cidade modelo JK deixou outra obra, que foi a gestão política em que levou o povo brasileiro a realmente acreditar em seus valores morais e de progresso “Cinqüenta anos em Cinco”. Foi no governo dele que o povo voltou a ter esperança social, os empresários tinham vontade de investir, construindo alicerces de auto-estima social em todas as áreas. Qualquer outra homenagem ao nosso JK sempre será, pouca e bem vinda.

Sempre é bom lembrar esse pensamento de Juscelino “Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das mais altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada, com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino”. Os brasileiros nunca deveriam esquecer esse espírito nacionalista e ético do nosso eterno presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira.

Mas pensadores éticos nessa atualidade, com verdadeira visão voltada para a grande nação Brasil, olha que daria para contar em apenas cinco dedos da mão. É triste, mas desde a saída do regime militar do poder, convivemos com uma escassez de líderes éticos e com amor pelo povo. Foram sucessivos os grupos saqueadores do erário federal, deixando rastros de palavreados alicerçados no individualismo, no populismo barato dos fascistas e nas maracutaias partidárias.

Perdoe-me o arquiteto Oscar Niemeyer, mas o Congresso Nacional precisa de uma reforma estrutural das mais significativas, obrigando que todos os seus usuários adentrem por uma única entrada, inclusive os deputados federais e os senadores. Isolando imediatamente o túnel. Nessa nova entrada triunfal do Congresso, estaria uma grande estatua do nosso senador “Águia de Haia” e a sua frase para que todos os políticos nunca se esquecessem dos valores éticos e patrióticos.

“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Já imaginaram terem que obrigatoriamente ler essa frase com forte propósito de mexer com o pouco de brio que os nossos Congressistas possam ter. Sim, Parlamentos corrompidos são sinônimos de governos dissimulados nas maracutaias, impunidades e privilégios.

Não adianta querer construir memorial para líderes de quadrilhas do erário federal, mesmo que esses sejam populistas e demagogos, pois essa galeria de heróis nacionais, são para aqueles que no uso do manto do poder, ousaram escrever as suas histórias com ética, devoções as grandes causas nacionais e com total espírito público de servir ao próximo e nunca, de servir-se das riquezas produzidas pela Nação para si e para os seus aliados corruptos. Bem que o senado poderia homenagear o nosso Águia de Haia em seu pórtico de entrada.