SPOTLIGHT: Escândalo na Igreja exposto por jornal e um grande filme - Por Marcos Souza

Está disponível na Netflix e merece ser conferido

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Foto: Assessoria

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No jornalismo, nos veículos de comunicação da grande imprensa, existe uma unidade especial, até com redação própria, dedicada exclusivamente a investigações jornalísticas mais profundas, que envolvem casos complexos ou que possam causar forte impacto midiático. Essa unidade, no jargão jornalístico, se chama 'spotlight' (uma tradução literal seria 'holofote'), que ficou muito conhecida por causa do filme Spotlight: Segredos Revelados (2016).
 
 
Esse filme, vencedor de dois Oscars (melhor roteiro original e melhor filme), dirigido por Tom McCarthy (também um dos roteiristas), mostra a equipe Spotlight do jornal The Boston Globe, que por meses investigou casos de abuso sexual e pedofilia na Igreja Católica, envolvendo cerca de 90 padres acobertados pelo arcebispo da instituição.
 
Não é nenhum spoiler: a base da história é essa. O filme retrata de forma muito bem feita o trabalho de investigação da equipe de jornalistas do Spotlight. São quatro: Walter (Michael Keaton), o editor; Michael Rezendes (Mark Ruffalo, excelente); Sasha (Rachel McAdams) e Matt (Brian d’Arcy James). Eles recebem essa missão do novo editor-chefe, Marty (Liev Schreiber).
Esse é, com certeza, um dos melhores filmes a mostrar os meandros da investigação jornalística em um caso polêmico. Baseado em fatos reais ocorridos em 2001, a história foi publicada pelo jornal de Boston no início de 2002.
 
A partir de uma curiosa e enigmática introdução, que mostra um padre saindo de uma delegacia acompanhado de um clérigo importante da Igreja Católica, logo em seguida vemos três crianças numa sala pintando numa mesa, sob o olhar aflito de uma mulher.
 
Corte.
 
Logo após a chegada de um novo editor ao The Boston Globe, um grupo de jornalistas investigativos recebe sinal verde para apurar um caso de abuso sexual cometido por um conhecido padre do Estado, envolvendo dezenas de crianças, mas acobertado pela Igreja Católica graças ao trabalho de um arcebispo respeitado, que mantém advogados e até influencia a Justiça local para apagar tudo sem deixar que chegue à grande mídia.
 
O processo de investigação leva os repórteres Michael e Sasha a entrevistar vítimas, muitas com medo de falar, pois foram abusadas quando crianças, e também a encontrar figuras importantes que podem dar sustentação ou trazer revelações surpreendentes. Entre elas está o advogado romeno Mitchell (Stanley Tucci), que vive sendo refutado pelos acordos extrajudiciais da Igreja com as vítimas, pagando somas de dinheiro que funcionam como um 'cala-boca'.
 
Michael, no entanto, tenta estabelecer uma relação de colaboração com o advogado para ter acesso a algumas vítimas e ações que ainda tramitam na Justiça.
 
O diretor estabelece uma narrativa visual convencional, mas muito bem formulada em algumas cenas com planos mais fechados, especialmente nas sequências de entrevistas ou conversas, permitindo uma nuance de tensão nas descobertas do caso.
 
O tratamento visual também se dá ao luxo de mostrar a redação de um jornal, com a imersão perfeita na dinâmica de funcionamento editorial e checagem da informação.
 
O roteiro é muito inteligente em dosar o trabalho vibrante da apuração jornalística sem se deter em dramas paralelos ou subplots das vidas pessoais dos repórteres, que são apenas citadas ou mostradas de forma discreta, mantendo o foco na ação.
 
Vale destacar a criação dos diálogos e os cuidados na abordagem de um tema tão delicado, em que a exposição da Igreja Católica é conduzida pelas descobertas significativas no cerne das ações da própria elite institucional da comunidade, que tenta proteger a Igreja sem medir as consequências do sofrimento causado às vítimas e suas famílias.
 
Num determinado ponto do filme, diante de descobertas impressionantes, como o início da investigação envolvendo um padre, a posterior revelação de 13 padres acobertados e, por fim, a constatação de um número próximo a 90 acusados, a equipe de jornalistas anseia por provas concretas e pela publicação do que já havia apurado. Nesse momento, porém, ocorre o fatídico 11 de setembro.
 
Outros fatores levam o grupo a tomar decisões difíceis, contando inclusive com a colaboração da Justiça para que o jornal pudesse reunir as evidências necessárias e, assim, realizar a mais impactante denúncia já publicada em um veículo de grande circulação sobre os escândalos sexuais da Igreja Católica.
 
No final do filme, é exibida uma lista com os nomes dos padres acusados de pedofilia e agressões sexuais, acompanhada das cidades em que atuaram. Entre esses nomes, há inclusive um inscrito no Brasil.
 
Trata-se de uma grande produção, que expõe de forma contundente o trabalho minucioso e corajoso dos jornalistas investigativos.

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