Tantos e tão variados são os escândalos envolvendo desvios de dinheiros públicos, aqui e alhures, que uma denúncia grave como a da retenção, ilegal, de recursos do Ipam, por parte da prefeitura de Porto Velho, via Secretaria Municipal de Fazenda, recentemente apontado pelo presidente do Conselho Municipal Previdenciário, já nem chega a emocionar a opinião pública.
A impressão é a de que a sociedade está com a sua capacidade de resignação anestesiada pela repetição de um sem-número de patifarias, assim como o organismo saturado de dor, que já não mais responde aos acicates do sofrimento.
Não de hoje, que o presidente do Conselho do Ipam, Raimundo Nonato, vem chamando a atenção de autoridades judiciais, segurados e pensionistas do instituto e, de modo especial, do prefeito a respeito de eventuais irregularidades, cometidas pelo presidente daquela instituição, mas Sobrinho se tem mantido num silêncio sepulcral.
O prefeito deveria ouvir não somente as ponderações de seu ex-companheiro de partido, mas também da direção do sindicato dos servidores e da própria categoria, sempre que eles, com destemor e coragem, se colocarem sob o enfoque do interesse público, para denunciar possíveis anomalias em suas áreas de trabalho.
Participantes do dia-a-dia de suas repartições, os servidores sabem, melhor do que ninguém, o que ocorrem ao seu redor. Sua opinião pesa, por isso mesmo, com a validade de quem sabe o que está dizendo e os motivos por que muitos desacertos vêm acontecendo na administração do petista.
Em vez disso, Sobrinho prefere ignorar a realidade factual. Não é à toa que adversários já começam a fazer ilações sobre setores de seu governo, chegando, inclusive, a citar o velho ditado da raposa e do galinheiro cheio de frangas.
Em vão. Nada parece sensibilizar o prefeito, que corre o sério risco de ser espinafrado nas urnas, graças à ação deletéria de um punhado de incompetentes e bajuladores que o cercam e comprometem de morte o trabalho profícuo que vem sendo realizado por deter minados setores da administração.
Ontem, foi o Sindeprof. Hoje, é o presidente do Conselho que se posiciona contra irregularidades, que, segundo ele, estariam ocorrendo no Ipam, anunciando que, dessa vez, poderá pedir a ajudar da Polícia Federal para moralizar a instituição.
Outras medidas, disse Nonato, já foram acionadas, como o encaminhamento de denúncias aos Ministérios Público Federal e Estadual, além do Tribunal de Contas do Estado e o Ministério da Previdência.
É preciso que a Câmara de Vereadores de Porto Velho também seja informada, a fim de tomar as medidas legislativas cabíveis, no âmbito de sua competência, é claro.
Ao observador incauto, pode parecer que o colunista alimenta algum sentimento de vindita pessoal ou política contra o dirigente comunal. Ledo engano. Às vezes, torço para que Sobrinho acerte, mas é difícil acreditar que ele logrará êxito sendo assessorado por pessoas incompetentes e despreparadas para o múnus público. Os exemplos estão aí. Citá-los, porém, seria redundância. Mesmo assim, repare-se o caso do Ipam.