A flor do aço e a lágrima azul – Por Marquelino Santana

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Na vituperação inescrupulosa que viola a vivacidade humana, o voluptuoso ato do prazer dos sentidos é covardemente açoitado pela grima aterrorizante do ódio e do medo. Nesse cruel e horrendo mundo que hostiliza e mata, a copa dos vegetais em estado combalido, ainda encontra forças para entregar suas últimas sementes ao último jardim que restara à humanidade.
 
O jardim esturricado e exaurido pela ignávia humana, sobrevivera graças à nuvem que restara no cenário de um céu escuro e sombrio. Apenas uma gota d’água caia entre os nefastos plantões do sol e da lua. Mesmo assim, o jardim da vida conseguira sobreviver à espera da tão anunciada semente que estava voando alojada no útero do universo condenado ao entrépito.
 
Ao alto, o universo abrira-se ao meio, e sob o clamor dos deuses, a semente joga-se feliz com as asas que tomara emprestado da liberdade. A solitária nuvem, quase morta, no seu derradeiro parto, recebe a semente, e junto com ela, derrama a sua última gota d’água.
 
 De braços abertos, o jardim recebe a sua tão esperada semente. A cova rasa fecha as suas portas, e dentro dela, a esperança ficara como parteira guardiã da vida. De repente escuta-se ecos e estampidos ao envolto da cova aberta no jardim, e de forma briosa e colossal, a parteira grita chamando o único Deus-pai presente: o Deus-pai da Paz e do Amor. Na sua generosidade e complacência, o seu grito esplendor ecoa: - Paz e Amor, vem aqui ver o seu filho!
 
As portas do jardim se abrem desmesuradas para receber o Deus Paz e Amor. Com os seus imensuráveis olhos azuis, e com o seu caminhar devaneante, ele aproxima-se do filho, enquanto seus corpos divinais são entrelaçados maviosamente pela exuberância cósmica da vida.
 
Deus-pai, na sua radiante e virtuosa luz, anuncia a comunhão dos lares, celebrando a paz e anunciando o amor na benevolente humanidade que criara, e entrega ao filho a árdua missão de seguir seus passos. Despossuído de maldade e internalizado de tolerância e brandura, o filho percorre o mundo pregando as virtuosas lições que Paz e Amor lhe ensinou.
 
O filho percorria territórios, espaços, lugares e mundos, enquanto o seu Deus-pai, Paz e Amor, descansava feliz no sagrado lar, adormecido por entre estradas de ferro e luz que cortavam a verdejante mata, banhada dadivosamente por águas amareladas que saciavam a sede de filhos e filhas do divinal porto da vida.
 
Mas numa madrugada fria, todos os sinos do lar badalaram de tristeza, anunciando o término da missão que Paz e Amor dera ao filho do útero do universo, ao filho do parto da nuvem solitária, ao filho do jardim esturricado, ao filho da cova rasa, e ao filho da parteira guardiã da esperança.
 
Mataram o filho do Deus Paz e Amor. O santo lar entra em comoção. Revoltado, o útero do universo, novamente se abre e deixa cair lavas de fogo sobre as nuvens. Revoltadas, as nuvens entram em estado de parto, as bolsas estouram e liberam milhares de máquinas de relâmpagos e trovões que são entregues ao jardim. Revoltado, o jardim se transforma numa indestrutível fortaleza de ferro e aço, e aloja todas as máquinas recebidas, que são rapidamente transformadas em canhões montanhosos, depositados em sua cova. Revoltada, a cova se transforma na cova da morte, que logo transforma seus canhões em poderosos mísseis subterrâneos de longa distância, que ficaram sob a guarda militar da parteira da esperança. Revoltada, a parteira da esperança se transforma em chefe das forças armadas, instituiu o Estado de Defesa, outorga a declaração de guerra, proibindo toda e qualquer assinatura de armistício, e para conhecimento, imediatamente convoca o Deus-pai, Paz e Amor. Mesmo injustiçado, Paz e Amor revoga todas as medidas de tratativas de ódio e de guerra adotadas anteriormente, e proclama o fim da violência e da xenofobia. Determina a adoção imediata da liberdade de expressão, dos direitos humanos universais, e de proteção a uma vida digna e de respeito à tolerância ao outro.
 
Paz e Amor continua vivo, lutando em defesa dos famintos e marginalizados, e continua escrevendo e publicando a voz dos oprimidos que muitos insistem em rejeitar. Ele continua vivo, e as suas páginas da verdade são veículos éticos de asas que voam até nossos lares, e de forma justa e consciente, nós deixamos entrar.
 
Paz e Amor continua vivo, sempre vivo, denunciando as mazelas e gargalos de um mundo fútil e hostil, sem que o estado de direito se levante e resolva protegê-lo de atentados oriundos da degeneração moral vigente que insiste em ceifar a sua vida e a vida de sua família. 
 
Paz e Amor continua vivo, e chorando a perda irreparável do filho que tanto amava. A sua flor do aço continua carinhosamente sendo regada todos os dias por uma lágrima azul.
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