A greve de servidores da polícia civil de Rondônia está fadada ao fracasso. A adesão ao movimento tem sido baixíssima. Na capital, muitos servidores continuam comparecendo, normalmente, às unidades de trabalho. Poucos foram à praça Getúlio Vargas protestar. A maioria preferiu, mesmo, ficar em casa descansando, ou, então, realizando alguma tarefa doméstica.
O governo do estado, por sua vez, não arrenda um milímetro em suas convicções. Em vez de ceder às pressões da categoria, anunciou a contratação de novos policiais. Foi um balde de água fria nas pretensões do funcionalismo.
O que se tem visto, no entanto, não deve ter agradado aos líderes do movimento. Não se pense que a iminente frustração da paralisação decorre da satisfação dos servidores com suas atuais condições salariais e de trabalho. Na verdade, o que parece estar acontecendo ainda carece de análise serena e criteriosa.
Embaladas mais por palavras de ordem destituída de sentido, que por sólidas bases políticas, algumas lideranças sindicais não vêm fazendo o mais elementar exercício analítico.
Não se pretende, aqui, contestar a legitimidade da paralisação. A final, a greve é um instrumento de negociação laboração, essencial à vida democrática. Ganhar o suficiente para sua manutenção e de sua família é um direito de todo trabalhador, seja ele servidor público ou não. Entretanto, o exercício do direito de greve não pode significar um atentando às condições existências da sociedade.
Governo e sindicato precisam sentar-se à mesma mesa e, com originalidade, encontrarem outras formas para resolver o impasse, devolvendo, assim, um pouco mais de tranqüilidade à sociedade.
Se, por um lado, a greve da polícia civil, pelo que tem de emblemática, não tem servido aos próprios grevistas; por outro, deixou a população mais exposta à ação de facínoras e marginais de todos os matizes.
Neste momento complicado da vida estadual, é preciso que as luzes da sabedoria mostrem o caminho na densa névoa de interesses difusos. A população não pode, mais uma vez, arcar sozinha com a responsabilidade. A normalidade da convivência social é condição sine quo non para garantir o bem comum.