Com o silenciamento visível de seus direitos, os movimentos socias de negritude rondoniense dão mais um passo em direção a reivindicação de sua voz, a Marcha das Mulheres Negras de Rondônia representa um esforço continuo na luta por reconhecimento e chama todos a voltar seus olhos para as pautas sociais. A marcha irá abranger diversas comunidades em prol da luta por atenção e dignidade, o movimento convoca mulheres a se levantar e dizer um basta a atos de racismo e feminicídio.
A marcha que, acontecerá dia 12 de setembro com concentração no Centro Político-Administrativo do Estado de Rondônia (CPA), acolhe diversas áreas de protesto, as pautas se entrelaçam em espaços amplos de discussão, como a transfobia, homofobia e racismo religioso. Abordando com veemência a defesa dos direitos femininos e valorização da negritude o movimento se torna um espaço de união e força para levar à população a voz daqueles que foram postos as margens da sociedade e silenciados por políticas públicas que mesmo prontas não chegam a quem realmente precisa.
Muitas políticas públicas que já se encontram aprovadas não são postas em pratica, como prova disto temos a criação de Conselhos Estaduais e Municipais da Política de Promoção da Igualdade Racial aprovada na 2ª Conferência Regional da Promoção da Igualdade Racial em setembro de 2017, a Lei nº 5.147, em 11 de novembro de 2021, que institui o Programa “Educação Antirracista” nas escolas estaduais e programas como o Programa Estadual “Mulher Protegida” (Lei 5.165/2021) que tornou-se permanente e já beneficia centenas de mulheres com auxílio financeiro e suporte, mas é fruto de uma política que ainda demanda expansão dos serviços e atuação permanente.
Sem apoio governamental as organizadoras fazem da sua luta diária a exposição das ideias através de intervenções públicas, aparições midiáticas, apoio de parceiros e os canais de comunicação. O cenário rondoniense atual não colabora na busca por direitos sociais, oque gera um desafio ainda maior para as mulheres que estão a frente desse evento. Apesar disso, as representantes não estão deixando nada para depois, nas palavras de Cacau Oliveira, Educadora Popular e Militante, “Precisamos levar para dentro das nossas escolas a educação e o saber para que o lápis cor de pele deixe de ter a cor do europeu”.
A Pós-Doutora em Educação e Escritora Eva Silva, que utiliza da literatura para realizar grande parte de sua luta, nos leva a imaginar cenários onde a leitura causa a mudança de pensamento, “precisamos reescrever as nossas histórias para que o negro saia da posição de vilão ou de escravizado”. A Educadora Antirracista Luciene Lisboa, comentou o fato de a sociedade ainda continuar reprimindo a voz negra e os empurrando para as margens, oque deixa essa vida mais vulnerável a criminalidade.