Quando aqui cheguei, há quarenta e cinco anos, Porto Velho não ia além da outrora Jorge Teixeira e, hoje, BR – 364. Cidade calma e povo pacato. Era o tempo das cadeiras nas calçadas. Quem atrever-se a fazer isso, hoje, corre o risco de receber uma bala na cara ou ter a casa invadida e seus bens surrupiados. Parecia que as famílias viviam ao compasso de um só coração e sob o influxo de uma só alma.
Quando um facínora perpetrava um crime, uma sensação de assombração agitava o povo. Era assunto para muitos dias. Naquela época, o castigo aos que delinqüiam era severo. Raramente o bandido escapa à punição da lei e da Justiça. Não se falava em direitos humanos ou coisa parecida. Tempo bom, que não volta mais.
Os estudantes viam das escolas, sem que nenhum incidente lhes tirasse a paz. As pessoas podiam caminhas pelas ruas altas horas, sem serem molestadas. Assim era a Porto Velho de antanho. Os bandidos se detinham nas cadeias, cumprindo as penalidades.
Hoje, Porto Velho é outra cidade, agitada e sacudida por hordas de ladrões, assassinos, assaltantes, trombadinhas e trombadões, marginais de colarinho branco e encardido. Vermes audaciosos, que cometem seus delitos com a mesma facilidade com que se descarta um papel inútil, conscientes de que nada lhes acontecerá. Criminosos impunes e crimes insolúveis.
Os jornais (impressos e eletrônicos) a cada dia aparecem pejados de notícias tenebrosas: roubos, assaltos, agressões, estupros e crimes horripilantes. Facínoras superam as feras, com violência descomunal. Muitos nem atingiram a adolescência, mal saindo da infância.
A tranqüila cidade de antanho virou terra de ninguém, sem lei, sem ordem, sem tranqüilidade nem segurança. Foi-se o tempo em que a noite e a madrugada eram o valhacouto dos criminosos, que hoje praticam suas atrocidades em pleno dia, com uma ousadia sem precedente.
Constrange-me, profundamente, verificar que minha cidade mudou radicalmente de aspecto, com feição diferente da que eu encontrei em minha adolescência e conheci na fase adulta, deixando de ser a cidade tranqüila para transformar-se numa cidade aflita, marcada pelo signo maldito do crime, da violência, do terror e da rapinagem explícita.
Muitos são os fatores que contribuíram para esse panorama entristecedor, dentre eles a ausência de Deus no lar, na escola, nas repartições e na vida pública.
Chega! Basta de tanta violência! A situação atual impõe a união de todos contra a marginalidade, cujo combate está a exigir um conjunto de normas urgentes e extremamente rigorosas. É preciso passar a navalha a fundo, sem piedade nem clemência, doa em quem doer.