*Duas semanas após o acidente do Boeing da Gol com um Legacy, que matou 154 pessoas no fim de setembro, no Mato Grosso, um acidente semelhante quase ocorreu no Brasil: outro Boeing da Gol passou a 60 metros de um Fokker 100 da TAM, no Rio de Janeiro, segundo informou reportagem do "Jornal Nacional".
*O quase acidente teria ocorrido no domingo, dia 15 de outubro, no Rio, às 21h. O Boeing da Gol decolou de Porto Alegre para pousar no aeroporto do Galeão, realizando o vôo 1805. O Fokker da TAM saiu do Rio de Janeiro com destino a Campinas, no interior de São Paulo, cumprindo o vôo 3831.
*Na hora do incidente, a aeronave da Gol começava a preparar o pouso no Rio, estava portanto em rota descendente, a 16,1 mil pés. O Fokker da TAM, que havia acabado de decolar, estava a 15,9 mil pés. Os dois aviões iam em sentido contrário e passaram a pouco mais de 60 metros de distância um do outro, com claro risco de acidente. As normas da própria Aeronáutica brasileira determinam que os aviões devem voar a uma distância mínima de 300 metros.
*O caso teria sido uma das 22 quase colisões que foram registradas neste ano. Segundo a reportagem, o caso foi confirmado pela Aeronáutica. Nenhuma autoridade da Aeronáutica foi encontrada na noite desta quinta-feira para falar do ocorrido.
*Esse incidente estaria narrado em um relatório produzido pela própria Aeronáutica que, segundo o "Jornal Nacional", registra que, até julho deste ano, foram 22 incidentes. O número foi maior no ano passado, quando quase 80 colisões foram registradas. Mas o recorde ficou com 1998, quando encontros diretos a menos de 300 metros de distariam teriam somados 134 casos.
*Controladores dizem que há ’zona cega, surda e muda’
*Os três controladores de vôo que prestaram depoimento nesta quinta-feira confirmaram à Polícia Federal que são muitas as dificuldades de contato com aeronaves que sobrevoam a área onde ocorreu a colisão entre o Boeing da Gol e o Legacy. Esses problemas de comunicação são tão graves e freqüentes que aquela região do Mato Grosso, segundo eles, é conhecida como "zona cega, surda e muda".
*"Os controladores de vôo tratam assim aquela área porque você perde não só contato visual, no radar, como também a frequência do rádio. Não se vê a aeronave, não se fala e nem se ouve nada. Ficam literalmente às cegas", disse o advogado Normando Cavalcanti, que defende os controladores.